sexta-feira, 19 de junho de 2015

Sexo feminino


Uma das formas mais eficazes de a sociedade exercer poder sobre as mulheres tem sido, historicamente, o controle da sua sexualidade. São inúmeras as formas de restringir a sexualidade feminina, que vão desde a valorização da virgindade até a criminalização do aborto.

Alguns seres humanos, contudo, teimam em não seguir regras, mesmo quando impostas à exaustão. Graças a certas mulheres que não aceitam rótulos e julgamentos, somos obrigados a engolir um tipo cada vez mais comum: a mulher que gosta de sexo e não tem medo nem vergonha de dizer isso.

Essas mulheres têm a ousadia de escolher com quem, como e quando querem transar; sentem-se donas do próprio corpo, não se submetem aos desejos masculinos apenas para agradar aos homens e não se comportam como alguns acham que devem. E, pior, afirmam suas preferências para quem quiser ouvir, como sempre fizeram os homens. Talvez por isso assustem tanta gente.

Bem que tentamos desencorajá-las difamando-as, espalhando vídeos na internet, tentando dizer que elas não valem nada e que não se valorizam, mas elas teimam em ser quem são, fazer o quê?

Seu comportamento ofende nossa moral que, apesar de hipócrita, até bem pouco tempo atrás funcionava como modo de coerção. De repente, foi como se elas parassem de se importar. Nem o rótulo de ninfomaníaca, questionado por muitos psicólogos e psiquiatras por ser considerado mais uma forma de controle social do que um desejo sexual hiperativo parece constrangê-las.

Sim, existem mulheres que curtem sexo. E muito. Algumas, ainda, não se limitam a práticas convencionais ou a apenas um parceiro, pecado mortal numa sociedade monogâmica como a nossa, tudo sem o menor constrangimento.

Não sei que jeito a sociedade dará, mas vai ter de lidar com elas. Será obrigada a entender que, para um número cada vez maior de mulheres, viver à sombra do desejo, da expectativa e do julgamento masculinos não faz mais nenhum sentido.

Aceitem.

*Texto originalmente publicado na página "Quebrando o Tabu"