segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Para eu não me esquecer


Comece tudo outra vez. De novo mesmo. Do começo. Porque começar dá trabalho, mas ficar parado cansa.

E termine também. Muitas vezes. Porque não dá para começar sem terminar.

Ame um tanto, de um jeito exagerado, escrachado. Com vontade, sem pudor. Para valer a pena.

Sonhar é bom, mas não muito. Não perca a mão, mas tire os pés do chão.

Siga o coração, mas só se ele bater forte, descompassado, sem exatidão.

Arrisque, aposte. Um pouco de impossível.  E torça para dar errado de vez em quando.

Assuma também. Pelo menos para você. Para os outros, nem sempre.

Acima de tudo, não fuja da liberdade. Nem tente: é pior que enfrentá-la. E faz mal para o fígado. Evite.

Mude de ideia vez ou outra. Aliás, toda hora. Depois, mude mais uma vez.

Atire-se. E aguente o tranco. Pode gritar. Chorar também pode. Quebrar tudo, só se não tiver outro jeito. Melhor não.

Vez por outra, deixe entrar quem não lhe quer, mas só para lembrar que não deve mais deixar entrar quem não lhe quer.

Não lute contra si mesma. Aceite-se. E tenha muito amor próprio. Quilos, montes, baldes.  

E abrace, beije, aperte, amasse, emaranhe-se, confunda-se. Faz um bem danado.

Ria quando der. De manhã, de tudo, de você.

Nem sequer pense em culpa. Ela fica muito feia em você.


Por fim, assuma sua finitude. É inevitável. Fazer o quê?

E, se der tempo, repita tudo outra vez.