quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Regras do amor

Outro dia uma amiga me disse que seria capaz de matar o marido caso ele olhasse para outra. E ela falava sério; deu medo. Também não se permitia nenhum tipo de liberdade; conseguir sair para jantar com as amigas já era uma dificuldade. Perguntei se ela o amava. Claro que sim! E concordava com a vida que tinha? Ah, a gente acostuma. Mas sentia tesão quando estava com ele? Silêncio. Resolvi me calar para não constrangê-la ainda mais. 

Tem gente que se preocupa mais em seguir as regras do relacionamento, que, na maioria das vezes, nem sequer foram pensadas pelas pessoas envolvidas, do que com a própria relação. Para esses, saber que o parceiro é sexualmente fiel e que vai voltar no fim do dia é mais importante que os momentos compartilhados.

Mulheres são incentivadas a manter o marido a qualquer custo, e aguentam todo tipo de desamor e desaforo. Homens buscam uma esposa que cuide dos filhos (e, em alguns casos, também deles), mesmo que precisem saciar seus desejos em outras bandas (sem que a mulher saiba ou possa fazer a mesma coisa, claro).

Em que momento as regras se tornam mais importantes que as próprias relações?

Parece tudo muito óbvio: a gente conhece alguém de que goste, namora, se casa, tem filhos, os dois se mantêm fiéis e se amam até o fim da vida. Simples e perfeito.

Espera, ninguém pensa diferente? Ninguém pensou, por exemplo, em casar e depois namorar ou ter filhos e não casar? Sei lá, somos tão diferentes em tantos aspectos, como então existe apenas um modelo de relacionamento que todos devem seguir? Será? 

É claro que existem outros modelos, e todos conhecemos pessoas que os seguem. Apenas não falamos nem pensamos muito a respeito, quando muito os julgamos em rodinhas de amigos, e continuamos ensinando nossos filhos, principalmente filhas, que o modelo de amor romântico é o único a ser seguido, e que serve para todo mundo.


A verdade: não serve. Um monte de gente não se adapta a esse modelo e busca alternativas que funcionem para si. E é preciso coragem para se questionar e descobrir do que gosta. Nisso reside a verdadeira liberdade.